A unidade do corpo de Cristo

Felipe Quirino
23 nov, 2024
há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. (Efésios 4:4-6)

O individualismo é uma das marcas do nosso tempo, incluindo a vivência do Evangelho. Principalmente após o desenvolvimento das mídias digitais e sociais, há uma oferta de vida cristã bem diferente daquilo que está registrada na Palavra de Deus. Ainda assim, esse estilo atrai muitas pessoas, pois o homem pecador é totalmente voltado para si. Só é possível viver a fé cristã bíblica, recebendo uma transformação completa feita pelo Espírito Santo, pois dessa maneira consegue servir a Deus e aos seus irmãos, reconhecendo que é parte integrante de um único corpo, o qual existe para tributar glórias ao Senhor.

Escrevendo aos efésios, o apóstolo Paulo faz uma exortação a honrar o chamado de Deus, que deve ser vivido em comunhão, unidade, refletindo as características divinas. As pessoas que compõe o povo de Deus foram chamadas para ser um só corpo, organismo. Em resposta a esse chamado, a igreja deve honrá-lo, glorificando ao Senhor.

Quando lemos os primeiros versos do capítulo quatro, encontramos uma lista de virtudes espirituais que devem ser utilizadas no convívio com nossos irmãos.

Essa exortação de Paulo insta aos crentes para que vivam de acordo com o que esperado daqueles que foram chamados por Deus, lembrando-lhes de que foram reunidos a um só povo e que seu viver deve ser expressado em práticas virtuosas que glorificam o Senhor.

O escolhido é chamado. Aquele que ainda não foi, certamente o será. Isso é comprovado naquilo que Paulo já ensinou até aqui e no todo das Escrituras. Há inúmeros exemplos: o povo de Israel, como um todo, ouviu do Senhor sobre sua eleição, no ato de seu chamamento. Assim, também, com todos os seus representantes: Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Josué, os juízes, Davi, os profetas, os apóstolos, as igrejas (Rm 8.28-30).

A vida comunitária precisa manifestar humildade e mansidão, que é a qualidade de não ficar excessivamente impressionado por um senso de autoimportância, sendo gentil. Além disso, é preciso ter longanimidade – no aspecto positivo, a longanimidade por ser considerado como um estado de permanecer tranquilo enquanto se espera um resultado, paciência, firmeza, resistência; do lado negativo, um estado de ser capaz de suportar provocações, tolerância e paciência para com os outros.

Deus é a fonte e o modelo de longanimidade, aplicada ao seu povo que, estando em pecado, foi redimido em amor. Além disso, o Senhor habilita os redimidos a serem longânimos, visto que essa virtude é um dos aspectos do fruto do Espírito Santo (Gl 5.22-23).

O texto de Efésios 4 segue, destacando outras virtudes, tais como a necessidade de suportar uns aos outros em amor e, juntamente com isso, zelar diligente e cuidadosamente na preservação da unidade do Espírito, a qual deve ser atada com a paz, assim como feixes de espigas de trigo são unidos firmemente (Cl 3.15).

Paulo conclui essa unidade de pensamento afirmando que o povo de Deus é um só, que recebeu um só chamado de um único que Deus que é soberano sobre todas as coisas (4.4-6).

Desta forma, compreendemos que os crentes foram chamados para ser um, honrando o chamado e glorificando aquele que chama.

Pense bem: A quem estamos servindo? Com quem estamos servindo? Como estamos servindo?

Não podemos fazer nossas próprias requisições, nem modelar uma igreja ideal pela nossa própria vontade, pois só vivemos a fé porque fomos chamados por Deus e, uma vez chamados, somos inseridos por ele em uma dinâmica comunitária segundo sua perfeita e santa vontade.

Selecionamos tanto nossos companheiros de caminhada que, sem levar em conta o peso de nossas decisões, dificultamos aquilo que o Senhor já facilitou, negligenciamos a obra operada por ele em nós, por meio de seu Espírito.

Portanto, precisamos considerar que não estamos no povo de Deus para sermos servidos, mas para servir. Ainda que a interação com todos os irmãos que, por vezes, usa nossa energia e nosso tempo, estamos para servir e, como estamos unidos a um corpo, seremos servidos por nossos irmãos.

Não podemos nos enganar, tentando viver sozinhos uma realidade que precisa ser vivida em comunidade.

Consideremos o propósito para o qual fomos chamados e sirvamos ao Senhor com integridade e aos irmãos com amor.