Disse-me o rei: Que me pedes agora? Então, orei ao Deus dos céus e disse ao rei; […] E o rei mas deu, porque a boa mão do meu Deus era comigo. (Ne 2:4-5,8)
O nome de Neemias significa “Yahweh conforta”. Ele não estava vivendo em Jerusalém e, sim, muito distante dali, servindo a um rei persa chamado Artaxerxes I, na sede do reino naquela época.
A grande Babilônia havia conquistado a Assíria e dominou muitos povos, mantendo os judeus cativos por longo tempo. No entanto, a Babilônia será finalmente conquistada em 539 a.C. pelo império Medo-Persa, uma aliança poderosíssima. Dentre os reis que comandaram esse período, destaca-se a figura de Ciro, o grande conquistador, mas também libertador. Ele decretou, por vontade de Deus, o retorno dos judeus à sua pátria (Ed 1).
Em 530 a.C., Ciro morre numa batalha e é sucedido por seu filho chamado Cambises. É sucedido por Dario I (521-486). Dario será sucedido por Xerxes I (486-465/4) ou Assuero. Depois dele, Artaxerxes I (464-423). Este é o que concede a Neemias todas as condições necessárias para governar Judá.
Na abertura do capítulo 2, encontramos Neemias diante do rei, exercendo uma tarefa por demais importante: era o copeiro do rei. Sua função era escolher e provar o vinho do rei para certificar-se de que não tivesse sido envenenado (v.2.1). Porém, neste dia de festa, Neemias compareceu perante o rei com tristeza em seu coração, que foi revelada inevitavelmente em seu rosto. A causa de sua tristeza era a situação dos judeus em Jerusalém.
Então, qual seria a reação do rei? Estaria algum tipo de conspiração em andamento? O rei quis saber o motivo (2.2). Neemias temeu porque sua lealdade poderia ser questionada naquele momento. Por outro lado, chegou o dia em que Neemias deveria expor a angústia que o acompanhava por vários meses.
Então, o rei perguntou ao servo do Senhor: “o que você quer, Neemias” (v.4). Antes, porém de responder, Neemias ora ao Senhor e só então passa a fazer seus pedidos. Aqui, paramos e destacamos: Neemias era um serviçal do rei mais poderoso do mundo à época, mas, antes disso, era servo do Deus Altíssimo. Antes de pedir aos homens, ele pediu orientação do Senhor.
De igual modo, todos nós, como povo de Deus, devemos viver neste mundo criado por Ele, observando leis e estatutos sociais. Porém, somos totalmente dependentes do nosso Senhor e todas as coisas precisam ser aprovadas por Sua revelação na Bíblia. Desta forma é que vivemos essa dupla realidade, a saber, salvos vivendo em mundo que jaz no maligno.
Jesus nos ensina a buscar o Pai e pedir, sabendo que, quando pedimos em Seu nome e segundo a vontade, Ele nos responderá (Lc 11.9-13; Jo 15.16). O grande problema é que não vamos primeiramente a Deus, ou, quando vamos, pedimos duvidando. Outras tantas vezes, apenas pedimos para esbanjar em nossos prazeres (Tg 4.1-4).
O registro de Neemias segue afirmando que tudo o que ele pediu, após orar a Deus, o rei lhe concedeu (vv.5-8). Um simples copeiro conseguiu todas essas riquezas e foi escoltado pelo exército real. Todas essas coisas foram concedidas a Neemias por causa da boa mão de Deus que o conduzia em tudo (v.8).
Por esse texto, vemos que Neemias havia se preparado muito bem para aquele momento. Por outro lado, não se pode perder de vista que a preparação de Neemias não foi apenas emocional, humana. Foi, antes de tudo, espiritual. Ele orou, jejuou e, em cada etapa, buscava sabedoria em Deus. Deus o havia despertado para a obra e certamente conduziria tudo para a concretização de Seu propósito para com o povo.
Eis, aqui, um grande desafio para o cristão: viver no mundo com a cabeça do céu; olhar o mundo com as lentes da Bíblia; honrar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Sendo assim, viva no mundo como cidadão dos céus, pois o Senhor nos conforta quando as tristezas nos abatem e nos supre quando estamos necessitados.