O Senhor está convosco, enquanto vós estais com ele; se o buscardes, ele se deixará achar; porém, se o deixardes, vos deixará. (2 Crônicas 15:2)
O nome de Neemias significa “YHWH conforta”. A grande Babilônia havia conquistado a Assíria e dominou muitos povos, incluindo os judeus que foram mantidos cativos por longo tempo. No entanto, a Babilônia foi finalmente conquistada em 539 pelo império Medo-Persa, uma aliança poderosíssima.
Dentre os reis que comandaram esse período, destaca-se a figura de Ciro, o grande conquistador, mas também libertador. Ele decretou, por vontade de Deus, o retorno dos judeus à sua pátria (Ed 1).
Os relatos de Neemias mostram, no decorrer de todo o livro, que o Senhor está no meio do seu povo e que atende aos seus clamores, segundo sua santa e sábia vontade. Por diversas vezes e maneiras, podemos ler que a boa mão do Senhor era com o seu povo, por intermédio de Neemias, ao mesmo tempo em que percebemos o anseio dos filhos de Deus em serem encontrados por Ele num viver digno.
Na abertura do capítulo 2 do livro de Neemias, o encontramos diante do rei, exercendo uma tarefa por demais importante: era o copeiro do rei. Sua função era escolher e provar o vinho do rei para certificar-se de que não tivesse sido envenenado (v.2.1). Em geral, essa atividade era exercida nas festas e banquetes propostos pelo rei.
Em determinado dia, Neemias se apresenta para servir ao rei, porém muito triste. Então, Artaxerxes lhe faz dois questionamentos: 1) “Por que está triste o teu rosto, se não estás doente? Tem de ser tristeza do coração” (Ne 2.2); e 2) “Que me pedes agora?”
As respostas de Neemias são objetivas. À primeira, ele oferece um breve relato de sua tristeza, a saber: a cidade de seus pais estava destruída (Ne 2.3). À segunda, o copeiro judeu faz uma lista de pedidos para suprimento da viagem e sua estada em Jerusalém, bem como de materiais para a reedificação dos muros (Ne 2.5-8).
Em outras palavras, a pergunta de Artaxerxes poderia ser posta da seguinte maneira: “Neemias, o que você quer?”
Um simples copeiro conseguiu muitas riquezas e foi escoltado pelo exército real, que foi colocado à sua disposição. Todas essas coisas foram concedidas a Neemias por causa da boa mão de Deus que o conduzia em tudo (2.8).
No verso 4, ao ouvir a pergunta do rei, Neemias ora a Deus, antes de responder o que queria. Ele buscou o Senhor em primeiro lugar, descansou na soberania e no poder de seu Deus. Como resultado, ele usufruiu das grandes bênçãos que o Senhor concede àqueles que o buscam de todo o coração (Hb 11.6). Tudo o que pediu ao rei, ele recebeu, pois a boa mão do Senhor era com ele.
No livro de Neemias, vemos que ele havia se preparado muito bem para aquele momento. Por outro lado, não se pode perder de vista que a preparação de Neemias não foi apenas emocional, humana. Foi, antes de tudo, espiritual. Ele orou, jejuou e, em cada etapa, buscava sabedoria em Deus. Deus o havia despertado para a obra, e certamente conduziria tudo para a concretização de Seu propósito para com o povo.
Diante do soberano da terra, naquele momento, Neemias ora ao Deus dos céus. Jesus nos ensina a buscar o Pai e pedir, sabendo que, quando pedimos em Seu nome e segundo a vontade, Ele nos responderá (Lc 11.9-13; Jo 15.16). O grande problema é que não vamos primeiramente a Deus ou, quando vamos, pedimos duvidando. Outras tantas vezes, apenas pedimos para esbanjar em nossos prazeres (Tg 4.1-4).
Jesus também nos ensina, em Seu ministério terreno, que o Pai nos assiste em nossas aflições (Mt 4 – a tentação; Mt 26.36-46 – Getsêmani).
Vivemos no mundo, mas não somos daqui. Então, aja no mundo como cidadão dos céus. Pois, o Senhor nos conforta quando as tristezas nos abatem e nos supre quando estamos necessitados; Ele está no meio do Seu povo e se deixa achar, quando é buscado.